Nota: Escrevi este lamento em 2011, quando da tragédia na região serrana do estado do Rio de Janeiro. Infelizmente, ainda tão atual para mais um momento de descaso com a nossa Mãe Terra. Desta vez não temos enchente, e sim incêndio, também gerado devido a falta de cuidado do ser humano com o meio ambiente e pela ignorância de alguns.
O pranto da Deusa
E a Deusa sacode seu vestido azul derramando suas lágrimas sobre nós em forma de chuva.
Seu choro é forte, pesado e trágico. Vai lavando e levando tudo o que está sob seu traje.
Ela chora de pesar, de temor e de dor.
E essa mesma dor se transfere para seus filhos que sentem a sua força.
“Por que não apenas um leve pranto, Mãe?”- Perguntam eles.
E Ela mais uma vez responde com a sua própria dor, fazendo-a ser sentida em todos os corações, querendo dizer: “Estou dando sinais, mas vocês não me ouvem!”
E este pensamento lhe causa mais sofrimento, mais decepção, o que lhe provoca mais pranto.
E dessa vez a Deusa já chora sem querer, quase inconsciente, e percebe que está ficando tarde, muito tarde.
E mais uma vez tenta se fazer ouvir e pergunta:
“Meus filhos, por que vocês não me ouvem? Por que não percebem os meus avisos? Por que a pressa de chegar ao fim?”
E Seus filhos, como garotos rebeldes, dão as costas ao Seu último apelo.
Anna de Leão. (Favor mencionar autoria e fonte ao reproduzir)