A felicidade nada tem a ver com frisson, euforia, muito menos com correria. A felicidade tem a ver com serenidade, centramento e uma sensação interna de grande preenchimento.
Como todo domingo, eu acordei tarde e com isso o café da manhã vira almoço; o almoço vira lanche; o lanche, jantar, e este fica pro dia seguinte. Pensei então que não faria o meu lanchinho da tarde habitual e foi quando me dei conta do prazer que tenho com ele.
Agora descobri um prazer novo, um doce de leite em barra que encontrei no mercado, tomado com um simples cafezinho que sempre me chama à tarde. Quando pensei que faria esse lanchinho amanhã, me deu uma satisfação tão grande, me senti tão feliz … E comecei a refletir…
A felicidade é algo tão fácil de se alcançar, pois ela está nas coisas simples da vida. Quanto mais simples é ou está nossa vida, mais feliz estamos. Temos menos preocupações, ou quase nenhuma; e por isso mesmo com mais tempo para simplesmente sermos, o que traz realmente a felicidade: ser.
A partir dessa pequena satisfação fui sentindo que o cotidiano da minha vida é feliz, e é isso que importa. Isto não é novidade para mim, pois geralmente sinto e agradeço por esta felicidade. Lembro-me de alguns anos atrás que uma pessoa falou para mim que achava a minha vida muito parada. Pois eu, em contrapartida, achava a vida desta pessoa extremamente estressante.
Acho que as pessoas esqueceram de ser. E para sermos precisamos de um ritmo mais lento e de mais simplicidade. Não é o status, o carro do ano, as roupas de grife que vão trazer a verdadeira felicidade. Muitas vezes tudo isso nem traz satisfação. Pois gera tanta exigência, tanta preocupação, que é impossível haver um verdadeiro contentamento.
Já vi casos de pessoas saindo com várias sacolas de uma boa loja de roupas e já pensando nas próximas roupas que “precisava” comprar. Não, com certeza o consumismo não gera felicidade, muito pelo contrário, ele é o reflexo da infelicidade, de não estar em si, de não saber olhar pra dentro e para a beleza da vida em sua simplicidade.
A felicidade nada tem a ver com frisson, euforia, muito menos com correria. A felicidade tem a ver com serenidade, centramento e uma sensação interna de grande preenchimento. É por isso que dizem tanto que a felicidade está dentro de nós, no interior, não no exterior. Pois se não temos esta felicidade interna não conseguimos nos contentar verdadeiramente com nada; não conseguimos perceber a satisfação que podemos ter com coisas tão simples de nosso cotidiano.
Percebermos os presentes que a vida nos dá no dia-a-dia é saber ser feliz. Valorizar tudo que temos é termos a sabedoria de sermos felizes. Olharmos o céu numa noite, contemplarmos a natureza ao nosso redor, conversar com quem amamos, levarmos uma palavra de carinho a alguém, sermos mais generosos, são maneiras de sentirmos a felicidade.
As pessoas vivem irritadas, estressadas, porque estão fora de si e com isso perderam o contato com a sua própria felicidade interna. Nada vai levar a felicidade a essas pessoas sem um retorno ao Lar, isto é, sem uma volta para si mesmas, de onde nunca deveriam ter partido. Acho que não preciso falar aqui que nada disso tem a ver com egoísmo, e sim, com uma reconexão com a própria essência, que muito pelo contrário do egoísmo, nos ajuda a sermos mais generosos e pacientes.
Acredito que não nos deixarmos contagiar pela irritação e agressividade que paira no ar é um grande passo para a felicidade e para este reencontro com nós mesmos. Começarmos a olhar para a vida com outros olhos, transmutar as energias ruins e que nos aprisionam, valorizar o que de fato tem valor, são formas de sabedoria que com certeza nos reconectam com a nossa felicidade interior.
Por Anna Leão. (Favor mencionar a fonte e autoria ao reproduzir este texto).